Entrevista com Leslie Searles, autora de “Voces de conservación”
Fotografía: Voces de conservación (2023)
Local: Ñagazu, Cerro de Pasco, Perú
Leslie Searles é comunicadora de profissão e, após concluir sua graduação, estudou um curso de fotografia na Inglaterra. No Peru, trabalhou por cinco anos como repórter fotográfica, antes de se tornar fotógrafa freelancer, focada em questões sociais e ambientais. Há cerca de 12 anos, ela começou a se envolver com temas relacionados à Amazônia, especialmente no trabalho com mulheres e líderes. Seu primeiro envolvimento significativo foi por meio de um workshop de mentoria com ceramistas Awajún no norte do Peru, onde documentou o processo fotográficamente.
A fotografia Voces de conservación foi realizada como parte de um trabalho encomendado pela organização Conservação Internacional Peru, no qual Leslie documentou por cinco meses seis líderes indígenas de diferentes grupos amazônicos, incluindo Awajún, Shipibo e Morumbue.
“Na fotografia vencedora Voces de conservación, aparece Cecilia Martínez, ela é da cultura do grupo Yanesha, na selva central do Peru, e ela já trabalha há bastante tempo realizando oficinas com as mulheres de sua comunidade. Ela trabalha com artesanato, com têxteis da região, e também realiza trabalhos de conservação de sementes. Então, ensina as mulheres a cultivarem as sementes e, através delas, elas podem fazer os corantes para as roupas. Para essa fotografia, ficamos uma semana com cada mulher, acompanhando seu dia a dia, e com Cecilia, a acompanhamos para visitar algumas amigas com as quais ela trabalhava. A fotografia foi tirada em uma cachoeira, que para elas é um local culturalmente importante. Então aproveitei para fazer a foto ali. Além disso, o trabalho dessas mulheres está muito relacionado à conservação das florestas e do meio ambiente, então achei importante incluir esse elemento na foto.”
A importância da conservação ambiental e cultural
“A natureza está se perdendo, o que é muito forte, mas também com ela se perdem conhecimentos e técnicas. É muito importante preservar as florestas, porque, por exemplo, as sementes. Às vezes não há mais uma árvore, então não há mais um tipo de semente. Então, é importante não apenas preservar a árvore porque é natureza e ajuda o meio ambiente, mas também porque culturalmente é um elemento importante que está muito relacionado às suas práticas culturais diárias; como, por exemplo, elas usam para gerar uma fonte de renda através do artesanato. São elementos que estão muito conectados.”
Sobre o impacto da fotografia na comunicação
“Trabalhar com esse meio da fotografia é muito importante, porque tem um grande alcance nas pessoas. Todos nós estamos nas redes sociais, todos temos acesso à imagem, então poder comunicar esses temas através de uma imagem é essencial. Além disso, contar uma história; a imagem não pode estar sozinha, tem que haver uma história que a acompanhe.”
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Leslie Searles é fotógrafa e documentarista com formação em Mídia, especializada em cinema pela Universidade de Lima (1996-2002), e em Fotografia pelo London College of Communication (2003-2004). Em 2023, concluiu o Diplomado em Interculturalidade e Povos Indígenas Amazônicos na Universidade Antonio Ruiz de Montoya, em Lima, Peru. Há mais de uma década, dedica-se a documentar a realidade e os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas na Amazônia peruana, acompanhando de perto a trajetória de mulheres líderes dos povos Murui Buue, Matsigenka e Awajún. Atualmente, trabalha como fotógrafa freelancer, colaborando principalmente com organizações não governamentais como a Oxfam. Leslie é coautora dos livros fotográficos Piruw (2013), em parceria com o fotógrafo peruano Musuk Nolte, e Quién Inicia Este Incendio (Who Starts This Fire, 2021). Seu trabalho foi reconhecido com prêmios como o Júri do POY Latam na categoria de Melhor Livro (2015) e Melhor Reportagem Multimídia (2017). Em 2022, seu coletivo de fotografia Semilla recebeu a bolsa ECO (Collective Meetings), organizada pela Vist Foundation.