18 de outubro de 2024
Iniciativa cultural destaca protagonismo feminino indígena em debate sobre a reconciliação com o planeta
O evento é gratuito, exibirá curtas-metragens realizados em territórios indígenas e promoverá roda de conversa com vozes de destaque na arte e ativismo indígena feminino
No dia 23 de outubro, o Euroclima, a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e o Goethe-Institut São Paulo promovem uma iniciativa cultural, com a exibição gratuita de três curtas-metragens realizados em territórios indígenas. O evento, que começa às 18h30, contará também com uma roda de conversa com a participação de renomadas vozes na arte e ativismo indígena feminino: Beka Munduruku e Cristine Takuá. Além disso, contaremos com a presença de Mari Corrêa, fundadora da Rede Audiovisual de Mulheres Indígenas – Katahirine e a mediação será feita pela jornalista Nádia Pontes, da Deutsche Welle (DW) Brasil.
“Caminhos para a reconciliação com o planeta” busca ressaltar o papel dos povos indígenas na construção de novas possibilidades de convivência entre humanos e o mundo natural. A proposta é evidenciar as contribuições dessas mulheres – seja na política, no cinema, nas artes visuais, no ativismo ou em outros campos – e como suas lideranças equilibram equidade de gênero com a preservação ecológica.
Embora o Brasil seja o lar de mais de 305 povos indígenas, a vasta sabedoria ancestral e os significados profundos de ser indígena ainda não recebem a devida valorização. Diante disso, esta iniciativa propõe refletir sobre questões fundamentais como: Quanto desse saber é valorizado? Como os povos indígenas se conectam com a floresta? Como podemos coexistir de maneira mais harmoniosa no mundo atual? O que podemos aprender da cosmovisão indígena?.
Para responder a essas questões, é essencial que as narrativas indígenas sejam contadas por eles mesmos, trazendo novas perspectivas sobre modos de vida sustentáveis e interações respeitosas com o meio ambiente.
O evento se fundamenta nos princípios de autodeterminação, autonomia indígena e diálogo intercultural, dando destaque para a produção audiovisual indígena, que revela a potência ancestral dessas imagens em suas expressões da diversidade artística, cultural e multiétnica. Neste sentido, procuramos proporcionar uma oportunidade para que suas cosmovisões, profundamente enraizadas na terra e conectadas à espiritualidade e à biodiversidade, nos guiem na busca por enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e promova, também, uma reflexão sobre o cuidado e a regeneração ambiental como valores éticos na nossa relação com o planeta.
Esta iniciativa cultural é realizada pelo Euroclima, um programa de cooperação que fortalece parcerias estratégicas entre a União Europeia e a América Latina e o Caribe, em parceria com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que conjuntamente apoiam a criação de uma Plataforma para povos indígenas, destacando o papel dos seus conhecimentos, práticas e tecnologias na gestão dos impactos das mudanças climáticas. O objetivo é influenciar políticas públicas, como as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), além de outros projetos relevantes. O evento conta com a colaboração do Goethe-Institut.
Serviço
Roda de conversa “Caminhos para a reconciliação com o planeta”
18h30 – Exibição de curtas-metragens
19h20 – Roda de conversa com Beka Munduruku, Cristine Takuá e Mari Corrêa. Moderação de Nádia Pontes.
21h – Encerramento & Coquetel
Local: Goethe-Institut São Paulo
Sobre os filmes
Território pequi (21 min)
Realização: Takumã Kuikuro
Temática: Fortalecimento econômico e socioambiental no Xingu por meio da atividade socioeconômica relacionada ao Pequi no Parque Indígena Xingu, destacando o uso sustentável desse recurso por toda a comunidade.
Ancestralidade (12 min)
Realização: Adriana Miranda
Temática: Uma guardiã de sementes nativas percorre terras ancestrais de Roraima para defender o território e a autonomia de povos originários.
Autodemarcação Já (7 min e 14 seg)
Realização: Coletivo Daje Kapak Eypi
Temática: Luta do povo Munduruku pela demarcação de seu território, diante da ausência de ações oficiais, às contínuas invasões e inoperância do governo em reconhecer e proteger suas terras, a autodemarcação surge como a única solução para o povo indígena. As mulheres Munduruku são uma das principais forças nessa luta, enfrentando desafios e confrontos, os guerreiros Munduruku se unem com coragem, determinação e a força de sua ancestralidade. A luta pelo território é também a luta pela sobrevivência e preservação de sua cultura.
Sobre as participantes da roda de conversa
Beka Munduruku
Diretora audiovisual e membro do Coletivo Audiovisual Daje Kapap Eypi, que documenta a luta pela demarcação de terras na região do Médio Tapajós. Beka dirigiu o curta-metragem “Autodemarcação Já!”.
Cristine Takuá
Líder indígena do povo Maxakali, professora e artesã. Com graduação em Filosofia pela UNESP, Cristine representa o Núcleo de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e é fundadora e conselheira do Instituto Maracá.
Francy Baniwa
Antropóloga, cineasta e pesquisadora indígena, membro da Rede Audiovisual de Mulheres Indígenas Katahirine. Seu trabalho foca na recuperação de memórias históricas, valorização de conhecimentos tradicionais e no papel das mulheres nas comunidades indígenas. Nascida na Terra Indígena Alto Rio Negro, atua no movimento indígena da região há uma década, com pesquisas em etnologia indígena, gênero, memória, narrativas e audiovisual. Dirigiu o filme “Kupixá asui peé itá – A roça e seus caminhos” e participa de projetos de empoderamento de mulheres indígenas.
Mari Corrêa
Cineasta e fundadora do Instituto Catitu e da Rede Audiovisual de Mulheres Indígenas – Katahirine, desenvolve projetos de formação audiovisual como ferramenta de valorização cultural dos povos indígenas.
Nádia Pontes
Jornalista com experiência em grandes coberturas internacionais nas editorias de política, meio ambiente e ciência. Atualmente é repórter especializada em meio ambiente e ciência pela DW Brasil.
Para mais informações: Goethe-Institut São Paulo – (11) 3296-7000