As vozes sociais fortalecem a Cúpula dos Países Amazônicos

ago 21, 2025V Cúpula

Bogotá, 19 de agosto de 2025 (@OCTAnews) – Nancy Guzmán Marín usa um turbante verde que contrasta com brincos vermelhos. Sua voz é forte, mas suas palavras são suaves. Ela vem da Amazônia venezuelana e se considera uma mãe amazônica, uma mulher que aprendeu a defender a biodiversidade ao mesmo tempo em que deu seus primeiros passos. Uma afro-indígena.

Nancy Guzmán entrelaça os dedos para se referir à unidade que deve existir entre aqueles que habitam a maior floresta tropical do mundo. Para ela, a participação social na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é fundamental para não chegar a um ponto sem volta e garantir que a Amazônia continue contribuindo com a estabilidade de que o planeta precisa.

“Os jovens, as mulheres e todos nós que fazemos parte das comunidades que habitam a floresta temos o conhecimento para desatar os nós críticos e fazer com que os governos se comprometam mais com a proteção do maior pulmão da Terra”, diz Guzmán.

Assim como Nancy, dezenas de pessoas de organizações da sociedade civil e de povos indígenas se reuniram nesta terça-feira na Hemeroteca da Universidade Nacional para dar continuidade à agenda da Cúpula dos Países Amazônicos, que em seu segundo dia teve como eixo central os diálogos amazônicos, uma série de conversas estratégicas para gerar recomendações aos governos que integram a OTCA (Colômbia, Brasil, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Guiana e Suriname).

Nancy, por exemplo, participou da mesa redonda em que se discutiu a criação de um mecanismo de participação da sociedade civil, denominado OTCA Social, que visa fortalecer o diálogo entre os Estados membros e os diversos setores sociais comprometidos com a manutenção da integridade da Amazônia e dos direitos de seus habitantes.

“Para a OTCA, é prioridade ouvir as pessoas para obter ferramentas que nos ajudem a não chegar ao ponto de não retorno, uma luta que deve ser coletiva e integral. Estamos dando um grande passo em direção à democratização dos mecanismos de participação dos povos indígenas e às decisões para proteger a Amazônia”, afirmou Vanessa Grazziotin, diretora executiva da OTCA.

Grazziotin também enfatizou a importância de se chegar a acordos para que os governos e as organizações da sociedade civil caminhem na mesma direção. “Com o passar do tempo, encontraremos esse mecanismo. Confiamos que os ministros das Relações Exteriores dos países da OTCA avançarão para que o mecanismo de participação da sociedade civil seja permanente”, enfatizou.

A voz das comunidades é a voz da Amazônia

Durante esse diálogo pluralista, também se enfatizou a importância de levar em consideração as vozes das mulheres e dos jovens, populações que durante anos foram excluídas das tomadas de decisão. Além disso, solicitou-se que a sociedade civil tivesse a oportunidade de propor iniciativas e projetos, e que estes fossem atendidos em primeira mão pelos países membros da OTCA.

“É preciso ir além para que esse canal exista. Sabemos que é um grande avanço termos esses encontros antes da cúpula de mandatários, mas agora nossa tarefa é fazer com que nossas vozes e nossas tradições sejam levadas em consideração. Sem a Amazônia, não haverá vida futura no planeta”, concluiu Nancy Guzmán.

Lembremos que a jornada de diálogos amazônicos também contou com mesas redondas para debater temas como os sistemas de conhecimento e o trabalho do Observatório Regional Amazônico, o valor das florestas e da biodiversidade diante do desenvolvimento sustentável da Amazônia, os mecanismos de financiamento para prolongar o mandato da OTCA e a governança indígena por meio de um mecanismo amazônico.

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