No âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre a Água 2023, o Estado Plurinacional da Bolívia, a OTCA e a Unesco, realizaram o evento paralelo Cooperação Transfronteiriça e Ciência para a Gestão Sustentável das Águas Amazônicas.
Neste evento se deu a conhecer o trabalho de cooperação e implementação de ações, o mesmo sustentado na ciência e na pesquisa, que os países estão desenvolvendo na Bacia Amazônica no cumprimento da meta 6.5.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Este evento contou com a presença do Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Luis Arce Catacora, e destacados representantes da cooperação internacional.
A abertura do evento foi realizada pela Secretária-Geral da OTCA, Alexandra Moreira, que destacou a importância da bacia Amazônica e da cooperação em matéria de águas transfronteiriças como sendo chave para garantir a gestão sustentável dos recursos hídricos e alcançar a meta 6.5.2 dos ODS, que se centra na cooperação transfronteiriça para a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, nacional, regional e multilateral.
Moreira também citou o Programa de Ações Estratégicas da OTCA, que constitui o elemento catalisador para alcançar a gestão integrada dos recursos hídricos e que leva à segurança hídrica, considerando a adaptação à variabilidade climática sob uma visão comum e compartilhada.
O Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Luis Arce Catacora, em sua palestra, assinalou que a cooperação transfronteiriça na interface entre a ciência e a política é vital. “Precisamos trabalhar juntos para compartilhar conhecimentos, recursos e melhores práticas para a gestão sustentável das águas amazônicas”.
Além disso, o presidente boliviano reiterou que seu país continuará comprometido com a preservação e o cuidado da Amazônia, incluindo seus importantes aquíferos, promovendo a cooperação com os países membros da OTCA e outros organismos regionais. Adicionalmente, fez um chamado para que todos colaborem técnica e cientificamente para melhorar a gestão sustentável das águas amazônicas e desenvolver soluções que beneficiem a todos, no marco das diferentes circunstâncias e necessidades nacionais e políticas soberanas.
O Hidrólogo Regional do PHI da Lac-Unesco, Miguel Doria, explicou que a razão de sua participação é a cooperação com os países para alcançar os objetivos do ODS 6, em termos de águas, saneamento, sustentabilidade e cooperação.
A Diretora – Presidente da Agência Nacional de águas e Saneamento Básico (ANA, Brasil), Verónica Sánchez, ressaltou a importância do Tratado de Cooperação Amazônica. “Para o Brasil este Tratado representa uma forma compartilhada de gestão entre 7 países da região de uma forma pacífica, no qual todos os países membros têm a oportunidade de dialogar e de tomar decisões por unanimidade.”
“Na Bacia Amazônica, em conjunto com a OTCA, temos uma rede hidrometeorológica compartilhada que nos permite gerenciar em conjunto e ter um sistema de alertas de monitoramento de secas e de inundações que nos permite avisar com antecedência aos países eventos hidrológicos extremos”, afirmou Sánchez.
O Chefe Regional, Divisão de Água e Saneamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Gustavo Méndez, apresentou as iniciativas que estão desenvolvendo na bacia amazônica junto com a OTCA e disse que falar de recursos hídricos na região é falar do combustível da economia, do desenvolvimento regional.
Por sua vez, o Subsecretário do Ministério do meio ambiente e Diretor do Centro Regional para a Gestão de Águas Subterrâneas (CeReGAS), Gerardo Amarilla, argumentou que as águas subterrâneas são de uma riqueza inestimável que devemos conhecer, entender, preservar e aproveitar para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Na oportunidade, foi apresentado o primeiro relatório sobre a Qualidade da Água da Bacia Amazônica, que é resultado do trabalho conjunto entre a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA, Brasil), a OTCA e as instituições dos 8 países amazônicos responsáveis pelas políticas públicas ambientais e de gestão dos recursos hídricos, que aportaram dados de monitoramento de suas redes nacionais.