Ministros das Relações Exteriores que integram a OTCA finalizam detalhes para apresentar a Declaração de Bogotá em defesa da Amazônia

ago 21, 2025V Cúpula

Bogotá, 21 de agosto de 2025 (@OCTAnews) – Nesta quinta-feira, como prelúdio da V Cúpula de Presidentes dos Países Amazônicos, foi realizada a reunião dos ministros das Relações Exteriores dos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), instância máxima de decisão na qual são estabelecidas diretrizes políticas e avaliadas propostas e avanços voltados para o cumprimento do mandato da OTCA de promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia e o bem-estar das comunidades que nela habitam.

Na abertura do encontro, que aconteceu no Palácio de San Carlos (sede do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia), falou-se da importância da luta conjunta contra o desmatamento, da conservação da biodiversidade e da proteção dos conhecimentos ancestrais das comunidades indígenas.

“O fato de haver vontade política dos oito países que integram a OTCA é um grande impulso para continuarmos nosso trabalho de proteger a Amazônia e promover o desenvolvimento sustentável. Hoje temos que mostrar ao mundo que estamos assumindo a gestão integral da bacia amazônica, sua conservação e a das comunidades que a habitam. Unidos, e compreendendo a particularidade de cada um dos países, conseguiremos levar adiante o Tratado de Cooperação Amazônica”, disse Martín von Hildebrand, secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.

Para o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, tratados como o dos países amazônicos serão fundamentais para a cúpula ambiental mais importante do ano. “A OTCA é uma dessas organizações que conseguiu se fortalecer significativamente e que desempenhará um papel fundamental na COP30”.

Por sua vez, Rosa Yolanda Villavicencio, ministra das Relações Exteriores da Colômbia, reiterou a mensagem de alcançar a unidade da região para proteger as florestas e as bacias hidrográficas, fundamentais para o funcionamento integral do ecossistema. “Estamos cientes de que estamos enfrentando desafios ambientais como nunca antes e, por isso, devemos nos unir, em torno da OTCA, para continuar implementando uma abordagem integral e de cooperação internacional, que garanta o bem-estar das comunidades amazônicas e a biodiversidade da floresta”, afirmou.

Na mesma linha, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, lembrou que a OTCA nasceu de uma visão conjunta do futuro e que, por isso, é necessário mobilizar recursos em grande escala e com rapidez para viabilizar uma transição ecológica justa.

“A luta contra as mudanças climáticas é agora e temos que entender que a proteção dos recursos naturais é o motor do desenvolvimento da região. Por isso, o Brasil propôs a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um mecanismo inovador de financiamento público e privado com uma ideia muito simples: remunerar aqueles que mantêm a floresta em pé, tornar rentável a não depreciação dos recursos florestais e monetizar a preservação da natureza, para que seja mais lucrativo conservar do que destruir”, acrescentou Vieira.

Yván Gil Pinto, ministro das Relações Exteriores da Venezuela, afirmou que a bacia amazônica funciona como um único sistema e deve ser tratada como tal pelos oito países que compõem a OTCA. Além disso, lembrou que, embora os países da bacia tenham uma enorme responsabilidade, os maiores danos climáticos vêm dos países do cone norte. “São eles, considerados os países do primeiro mundo, os grandes responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam diretamente a Amazônia. Por isso, devemos assumir uma postura firme e unânime”, acrescentou.

O apelo de Celinda Sosa Linda, ministra das Relações Exteriores da Bolívia, seguiu a mesma linha narrativa, enfatizando que é indispensável agir com determinação devido à urgência de proteger a Amazônia e seus povos. “É nossa oportunidade de construir um desenvolvimento conjunto e sustentável e de proteger a própria vida dos povos amazônicos. Se nossa floresta estiver saudável, a região também estará e haverá um futuro promissor não apenas para o continente, mas para o resto do mundo”.

Evitar o ponto de não retorno

Diante do limiar crítico que poderia levar a mudanças irreversíveis na Amazônia, conhecido como ponto de não retorno, Arturo Félix Wong, embaixador do Equador na Colômbia, pediu que se redobrassem os esforços e se aumentasse o apoio às iniciativas da OTCA focadas em não ultrapassar essa barreira. “Acreditamos que é vital impulsionar o mecanismo financeiro para promover mais programas, mais pesquisas, mais ações que nos permitam proteger a Amazônia e suas comunidades. O apelo é agora”.

Rómulo Acurio, embaixador do Peru na Colômbia, insistiu que a cultura que define seu país tem suas raízes na Amazônia, já que 60% do território peruano está na bacia, sem esquecer os 51 povos indígenas que a habitam. “Há um roteiro claro, que foi traçado em Belém, Brasil, em 2023, e devemos segui-lo. Isso significa aumentar o apoio à OTCA e ao seu trabalho técnico e de pesquisa. Enfrentamos desafios sem precedentes e é hora de as políticas públicas de nossos países responderem para resolvê-los”.

O ministro das Relações Exteriores, Negócios Internacionais e Cooperação Internacional do Suriname, Melvin W.J. Bouva, enfatizou que o futuro da Amazônia está nas mãos dos países que integram a OTCA. “Não é apenas uma floresta, é a história e as raízes de nossos ancestrais, o respiro do nosso presente e a promessa de um futuro melhor. Devemos tratá-la com essa importância”.

Por fim, Compton Bourne, embaixador da Guiana no Brasil, aplaudiu o desenvolvimento de políticas para proteger as populações indígenas que habitam a floresta e os esforços para integrar a sociedade civil na tomada de decisões. “Isso aumentará nossa capacidade operacional e tornará a proteção da Amazônia um trabalho integral e frutífero”.

No âmbito da V Cúpula Amazônica realizada em Bogotá, os ministros das Relações Exteriores dos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) aprovaram vinte resoluções voltadas para o fortalecimento da cooperação regional. Entre os principais temas acordados estão a proteção das florestas e da biodiversidade, a gestão integrada dos recursos hídricos, a pesquisa científica e o monitoramento das mudanças climáticas, a participação dos povos indígenas na tomada de decisões, bem como a busca de financiamento e transferência de tecnologia para impulsionar o desenvolvimento sustentável na região.

Lembremos que desta jornada de trabalho sairá a Declaração de Bogotá, que será endossada nesta sexta-feira, 22 de agosto, na V Cúpula de Presidentes dos Países Amazônicos, evento que contará com a presença de Gustavo Petro, presidente da Colômbia, e Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.

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