Um novo espaço de coordenação estratégica busca alinhar investimentos e fortalecer a cooperação internacional na região.
Brasília, 30 de janeiro de 2025 – Com a Amazônia no centro do debate, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) realizou na quinta-feira, 30 de janeiro, a primeira Mesa de Cooperantes. Este espaço de coordenação estratégica reuniu agências de cooperação, bancos de desenvolvimento e organismos multilaterais com o objetivo de alinhar prioridades de investimento, maximizar o impacto dos recursos destinados à proteção do bioma e fortalecer as capacidades dos países amazônicos para enfrentar os desafios ambientais e sociais.
O encontro, realizado na sede da OTCA em Brasília, contou com diversos cooperantes que discutiram estratégias de financiamento e mecanismos para otimizar a cooperação regional. O objetivo é consolidar uma abordagem integrada para a preservação da floresta e seu papel crucial na estabilidade climática global.
Um momento decisivo para a Amazônia
O lançamento da Mesa de Cooperantes ocorre em um momento crucial. Em agosto, os presidentes dos países amazônicos se reunirão na Colômbia para definir um roteiro comum que será apresentado na COP 30 sobre mudanças climáticas, em novembro, em Belém.
O Secretário Geral da OTCA, Martin von Hildebrand, inaugurou a sessão destacando a urgência de uma ação conjunta para evitar que a floresta amazônica atinja o ponto de não retorno. “Estamos diante de um ponto de inflexão. A cooperação internacional é fundamental para evitar o colapso do ecossistema amazônico e garantir o bem-estar das comunidades que dele dependem”, alertou.
Para a OTCA, este ano representa uma oportunidade única para fortalecer a cooperação internacional e consolidar uma liderança regional na proteção do bioma. “Os desafios são imensos, mas também contamos com um quadro de ação claro. A Amazônia não pode continuar sendo vista apenas como uma região de exploração de recursos, mas como um pilar essencial para a estabilidade climática global”, afirmou von Hildebrand.
Durante o encontro, a Secretaria Permanente da OTCA apresentou seu plano de trabalho para 2025, que prioriza a conservação da biodiversidade, o monitoramento ambiental, a bioeconomia e a luta contra as mudanças climáticas.
Articulação internacional para uma Amazônia sustentável
Um dos temas centrais do evento foi a busca por mecanismos de financiamento para uma transição sustentável na Amazônia. Os participantes analisaram como otimizar os fundos disponíveis e melhorar a eficiência na implementação de projetos. Durante o encontro, apresentaram seus programas de investimento na conservação da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e promoção de economias sustentáveis.
Um dos principais desafios discutidos foi a necessidade de fortalecer os mecanismos de financiamento para a proteção do bioma. Os países amazônicos não podem assumir sozinhos essa responsabilidade, por isso destacou-se a importância de uma maior participação da comunidade internacional no financiamento de iniciativas que garantam a conservação da Amazônia, um ecossistema crucial para a estabilidade climática global. Também debateram o papel da Amazônia na COP 30 e como os países da região podem fortalecer sua posição nas negociações climáticas internacionais.
Tatiana Schor, chefe do programa Amazonas Sempre do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destacou a necessidade de projetos inovadores que combinem desenvolvimento sustentável com proteção ambiental.
Luiz Beduschi, especialista em desenvolvimento rural da FAO, ressaltou a importância de integrar a segurança alimentar na agenda de conservação do bioma. “A segurança alimentar na Amazônia está diretamente ligada à conservação de seus ecossistemas. Não podemos garantir alimentação sustentável sem proteger as florestas e solos que sustentam as comunidades locais”, enfatizou.
Por sua vez, Arthur Braganza, do Banco Mundial, destacou a importância de estratégias baseadas em dados científicos. “Trabalhamos com os governos amazônicos para fortalecer suas capacidades e promover soluções inovadoras”, disse.
Da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Cecilia Malaguti enfatizou a necessidade de maior integração regional. “É essencial que os países amazônicos contem com plataformas de diálogo para compartilhar experiências e soluções eficazes”, afirmou.
O encontro em Brasília contou com a participação de representantes do BID, Banco Mundial, CAF, FAO, UNESCO, IICA, GIZ, ABC, UNODC, FONPLATA e embaixadas do Reino Unido, Suíça, Noruega, Países Baixos, França, Equador, Colômbia e Peru, entre outros atores-chave.