Técnica permite avaliação da pureza do óleo de pau-rosa, produto valorizado pela indústria de perfumaria e cosmética

out 27, 2022Notícias, Projeto Bioamazônia

O óleo é extraído da espécie Aniba rosiodora, listada no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES)

Conhecida popularmente como pau-rosa, a Aniba rosiodora, espécie florestal nativa da Amazônia, é atualmente ameaçada de extinção devido à intensa exploração por décadas. Com a inclusão no Apêndice II da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES), em julho de 2010, a comercialização e exportação de óleo de pau-rosa passaram a ser permitidas somente a partir de áreas de manejo autorizadas.

Aniba rosiodora é uma árvore grande, alcançando até 30 m de altura e 2 m de diâmetro, possui tronco cilíndrico e reto e uma casca amarelo-acastanhada ou avermelhada. Segundo Flora do Brasil[1], a espécie é nativa do Brasil, ocorrendo nos estados do Amazonas, Pará, e Amapá e está distribuída em diversos países do Sul América: Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, assim como na Guiana Francesa.

A espécie produz um óleo essencial de alto valor agregado e bastante procurado pelas indústrias de perfumaria e cosmética por seu aroma único. A constituição química do óleo é rica em linalol, um importante composto com poder fixador, mas é todo o perfil químico que confere ao óleo o seu aroma singular.

A qualidade do óleo depende de vários fatores. Uma preocupação, principalmente da indústria, é a adulteração do óleo, que pode ocorrer de diversas formas, como a mistura do óleo verdadeiro com outros óleos essenciais (naturais ou sintéticos), uma adição de produtos de origem vegetal não voláteis e voláteis, ou mesmo uma substituição da planta original por outras plantas durante a fase de extração. Como o principal produto comercializado é o óleo essencial, é fundamental desenvolver métodos analíticos eficazes de identificação e determinação de pureza e autenticidade para garantir a qualidade do produto.

Um novo método para autenticação do óleo essencial foi desenvolvido por meio de análise direta e rápida usando espectroscopia do infravermelho próximo e modelagem independente orientada por dados de analogia de classe (SIMCA).

Pesquisadores do Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB), do Instituto de Química da UnB, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Universidade Paulista (UNIP) publicaram os resultados do trabalho no Microchemical Journal, sob o título A green and direct method for authentication of rosewood essential oil by handheld near infrared spectrometer and one-class classification modeling, a ser disponibilizada sob demanda pelos autores.

A coleta de 130 amostras foi realizada em diferentes estados brasileiros, abrangendo indústrias, pequenas cooperativas, produtores locais e produtos comerciais adquiridos pela internet. A análise por espectroscopia NIRS foi corroborada com análise das amostras por espectrometria de massa (GC-MS) para certificar sua pureza e autenticidade. Apesar de sua eficiência, a análise GC-MS não está disponível para a maioria das cooperativas e pequenos produtores e não permite medições in loco. Por outro lado, a espectroscopia de infravermelho (NIRS) próximo pode realizar uma análise rápida, direta, de baixo custo e não destrutiva usando equipamentos portáteis.

As medições de NIRS foram realizadas sem qualquer tratamento de amostra. A amostragem representativa revelou que há uma variação significativa entre as amostras declaradas como óleo de pau-rosa no mercado brasileiro. O método mostrou 98% de eficiência na análise de amostras autênticas e comerciais de diferentes origens, indicando que pode ser uma alternativa para fins de autenticação para exportação e controle de qualidade.

Os estudos para o desenvolvimento do método de análise do óleo de pau-rosa através da técnica de Espectroscopia de Infravermelho Próximo foram solicitados ao Brasil pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre (CITES) e tiveram o apoio parcial do Projeto Bioamazônia da OTCA.

Atualmente, o óleo de pau-rosa é produzido de maneira sustentável no Brasil. A espécie Aniba rosiodora foi domesticada e está sendo cultivada pelas usinas e pelos pequenos produtores da Amazônia. O óleo, que no passado era extraído do tronco o que exigia a derrubada da árvore, agora é extraído de folhas e ramos. As comunidades e produtores também estão fazendo o replantio da espécie. Mais detalhes no vídeo sobre o estudo, que está disponível em https://youtu.be/hAN82W-AXiE

Publicado no Boletim Bioamazônia, edição n. 17 setembro-outubro de 2022.

==================================================================

[1] https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB78444

 

Etiquetas relacionadas ao post:

Le podría interesar…