Encontro com técnicos dos países amazônicos forneceu subsídios para o desenvolvimento da Plataforma de MPMEs de produtos amazônicos do Observatório Regional Amazônico (ORA)
A Amazônia dispõe de uma magnífica biodiversidade que ainda não é totalmente conhecida ou estudada em todo o seu potencial. Os produtos da biodiversidade amazônica, e especificamente os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), são muito importantes para a economia das comunidades que os extraem e das populações locais onde geralmente se inicia a cadeia de comercialização desses produtos. Isso fica evidente, por outro lado, por meio das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) da região que têm um papel muito importante na dinâmica de suas economias locais, bem como na conservação da biodiversidade vinculada aos sistemas de produção sob parâmetros de sustentabilidade.
O Observatório Regional Amazônico (ORA) é definido como um centro de referência de informação e um fórum virtual permanente que promove o fluxo e a troca de informações entre instituições, autoridades governamentais, comunidade científica, academia e sociedade civil dos Países Amazônicos – https://oraotca.org/
O ORA é implementado pela OTCA em três fases, sendo que as duas primeiras fases correspondentes ao desenvolvimento dos módulos integradores e temáticos já foram concluídas. Na terceira fase, está previsto o desenvolvimento de um módulo informático, que se tornará uma Janela de Informação para micro, pequenas e médias empresas com produção sustentável de espécies da fauna e flora silvestres no âmbito da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES).
Para reunir elementos técnicos que possibilitem a elaboração da base para o desenho conceitual de uma Janela Regional de Informação MPMEs de produtos amazônicos, refletida em uma plataforma computacional articulada ao Observatório Regional Amazônico (ORA) e contribuir para o desenvolvimento do “I Fórum Virtual sobre o potencial dos produtos florestais não-madeireiros para uma bioeconomia na América Latina e no Caribe (BioForestALC)”, com insumos do contexto dos países membros da OTCA, foi realizado, nos dias 10 e 11 de fevereiro, o encontro “Diálogo sobre os produtos da biodiversidade amazônica que compõem as cadeias produtivas das MPMEs”.
Este evento virtual organizado pelo Projeto Bioamazônia, com o apoio do Instituto Beraca, que trabalha com mais de 25 produtos da sociobiodiversidade brasileira, contou com a presença de especialistas e técnicos convidados da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela que trabalham na pesquisa ou manejo de produtos de espécies da fauna e flora da vida silvestres, incluindo produtos florestais não-madeireiros (PFNMs) da Região Amazônica.
As informações coletadas contribuirão para a elaboração dos temas que serão abordados no BioForestALC, que acontecerá virtualmente entre os dias 23 e 26 de maio de 2022.
Entre os resultados mais relevantes do “Diálogo sobre os produtos da biodiversidade amazônica que compõem as cadeias produtivas das MPMEs”, o Projeto Bioamazônia agora conta com um catálogo de produtos de espécies da flora e fauna da biodiversidade amazônica, que atualmente fazem parte do as cadeias produtivas das MPMEs e que participam ativamente do desenvolvimento da bioeconomia local. Além disso, os especialistas identificaram as necessidades prioritárias de investimentos em tecnologia e capacitação para fortalecer as cadeias produtivas.
O tema do potencial dos produtos não madeireiros amazônicos e a realização do BioForestALC foram discutidos e trabalhados pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e estão articulados ao compromisso assumido em 2019 por pesquisadores de mais de 25 países da América Latina durante XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO).
Para o coordenador do Projeto Bioamazônia e do Observatório Regional Amazônico, Mauro Ruffino, o desenvolvimento da Janela de Informações para micro, pequenas e médias empresas com produção sustentável de espécies de fauna e flora silvestres que envolva todos os países amazônicos constitui um importante fruto da articulação promovida pela OTCA com os Países Membros. “Acima de tudo, será um avanço para fortalecer as cadeias produtivas das MPMEs, o uso sustentável da biodiversidade, e promover a bioeconomia nesses países, além de ser uma grande contribuição para a implementação da CITES”, disse Ruffino.
Publicado no Boletim Bioamazônia, edição n. 13, janeiro-fevereiro de 2022.
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