Com o apoio do Banco Mundial e a presença de mais de 150 participantes, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) divulgou nesta terça-feira, 14, os resultados de um trabalho de dois anos. Essa iniciativa envolveu mais de 100 especialistas na análise da situação e das trajetórias da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos na Região Amazônica. Analisando dimensões multifacetadas que incluem aspectos biológicos, sociais, culturais, econômicos e políticos, a avaliação utilizou a metodologia e a estrutura conceitual da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Em particular, esse esforço gerou uma avaliação sub-regional pioneira a nível mundial, elaborada de acordo com essas diretrizes.
“Ao gerar relatórios de síntese técnico-científica para fortalecer a interface entre ciência, política e sociedade, e como um insumo para a tomada de decisões informadas na Amazônia, esta Avaliação Rápida é uma ferramenta importante para fortalecer e informar a crescente importância da região no mundo”. Esse foi o resumo feito pela Diretora Executiva da OTCA, Vanessa Grazziotin, na abertura do evento.
Ana Maria Gonzalez, coordenadora do Programa de Paisagens Sustentáveis da Amazônia do Banco Mundial, elogiou a avaliação como uma contribuição crucial para a Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP 16 CDB) deste ano na Colômbia, acrescentando que “este é outro exemplo da capacidade da OTCA de promover a cooperação entre países e instituições”.
A Avaliação Rápida, que consiste em um documento técnico composto por seis capítulos e um resumo para os tomadores de decisão, reflete um processo transparente marcado por revisões contínuas e contribuições de especialistas de todo o mundo. Ele oferece uma perspectiva ampla que engloba dimensões biofísicas, econômicas, sociais e culturais, contextualizadas nas estruturas legais dos países da OTCA sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos. A articulação com o meio acadêmico, empresas e representantes de povos indígenas e comunidades locais da Amazônia foi parte integrante do processo.
Carlos Salinas, Coordenador de Meio Ambiente da OTCA, destacou a importância de proteger o conhecimento tradicional juntamente com a pesquisa científica e a inovação para a tomada de decisões e a formulação de políticas eficazes.
A apresentação dos resultados do estudo por Sandra Acebey, copresidente da Avaliação Rápida da Biodiversidade, destacou o papel vital da Amazônia na prestação de serviços ecossistêmicos em nível global, regional e local. Ela ressaltou a importância dos povos indígenas na gestão da biodiversidade e alertou contra os modelos econômicos extrativistas, principais impulsionadores do desmatamento. Também enfatizou que, considerando os efeitos negativos adversos das mudanças climáticas e os diferentes fatores antropogênicos sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos da Amazônia, é necessário afastar-se de trajetórias centradas ou focadas exclusiva ou principalmente em benefícios econômicos, de acordo com as visões e os valores do mundo atual, e que são necessárias ações substantivas e imediatas para avançar em direção às “Grandes Transições” e mudar o paradigma do desenvolvimento sustentável.
Rita de Cássia Mesquita, Secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, destacou a necessidade de reavaliação dos modelos de desenvolvimento. “Mais importante do que reavaliar os instrumentos de política pública que temos à nossa disposição, é urgente reavaliar nossos modelos de desenvolvimento e dar o verdadeiro valor aos nossos ativos ambientais, com o devido cuidado para que as florestas permaneçam em pé e parar de subestimar o papel das mulheres e dos jovens, para construir uma nova visão de valores que são fundamentais para um novo modelo de desenvolvimento sustentável.”
Benoit Bosquet, Diretor Regional de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, elogiou a natureza rigorosa da Avaliação Rápida e refletiu sobre o desafio de incorporar suas recomendações às políticas públicas e privadas, destacando o envolvimento proativo dos povos indígenas e das comunidades locais por meio de seus planos de vida. O Banco Mundial está adotando e desenvolvendo uma nova visão denominada Amazônia Viva, composta por três pilares, a Amazônia Verde, a Amazônia Próspera e a Amazônia Habitável, e onde há um respeito constante pela natureza.
Pietro Graziani, Coordenador Técnico da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) do Programa Amazônia+ da União Europeia, elogiou a Avaliação Rápida e destacou o compromisso e o apoio do Programa, incluindo a assinatura de uma Carta de Intenções entre o Amazônia+ e a OTCA. Ele afirmou o acordo para apoiar novas iniciativas, como a criação do Painel Técnico-Científico Intergovernamental da Amazônia no âmbito da OTCA.
Esse esforço colaborativo ressalta o compromisso coletivo de preservar a rica biodiversidade da Amazônia e promover uma mudança urgente no atual paradigma de desenvolvimento sustentável.