Equipe irá aos oito Países Membros da OTCA neste primeiro semestre para realização de oficinas sobre o Projeto e o Observatório Regional Amazônico, além de visitas de campo.
O Equador foi o primeiro país amazônico a receber, em abril, a visita da equipe do Projeto Bioamazônia para agendas de trabalho e visita de campo com objetivo de conhecer atividades apoiadas pelo Projeto. O primeiro dia foi dedicado à apresentação do Observatório Regional Amazônico (ORA), realizada na sala Los Próceres do Ministério das Relações Exteriores, em Quito, Equador. A cerimônia de abertura contou com a participação dos ministros de Relações Exteriores do Equador, Juan Carlos Holguín, do Ambiente, Água e Transição Ecológica, Oscar Rojas, da chefa de Cooperação da Embaixada da Alemanha no país, Barbara Schulz-Hönerhoff, do Coordenador do ORA e do Projeto Bioamazônia, Mauro Ruffino, além de representantes das missões diplomáticas acreditadas no Equador. Em seguida foram realizadas oficinas técnicas sobre os módulos, recursos disponíveis e o progresso e status da coleta de dados para o ORA, além de serem apresentadas as ferramentas e os procedimentos para se integrar dados ao Observatório.
Juan Carlos Holguín, Ministro das Relações Exteriores e Mobilidade Humana, manifestou que o Equador “valoriza positivamente o trabalho da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, espaço fundamental para promover a cooperação, o diálogo e os programas de interesse da Região Amazônica”.
Já o Ministro do Ambiente, Água e Transição Ecológica, Oscar Rojas, destacou a responsabilidade de gerar políticas públicas que fortaleçam a gestão da vida silvestre e ferramentas tecnológicas para facilitar sua gestão, sendo que as informações sobre biodiversidade são muito importantes para se tomar ações e decisões sobre estratégias de conservação, especialmente neste momento em que as taxas de extinção aumentam drasticamente.
“Sabemos que a necessidade de informação sobre biodiversidade é crítica em países megadiversos como o Equador. Nesse sentido, o Projeto Bioamazônia promoveu um estudo conceitual e operacional para o desenvolvimento, melhoria e fortalecimento dos sistemas de informação dos Países Membros e para gestão relacionada com a biodiversidade e a Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES)”, afirmou Rojas.
Barbara Schulz, representando a Embaixada da Alemanha no Equador, mencionou que o Observatório Regional Amazônico é um marco na história da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). “Por meio da harmonização de bancos de dados e das possibilidades de análise comparativa de dados, o Observatório Regional Amazônico é um importante instrumento para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas e auxiliará na conservação de espécies ameaçadas e contribuirá para uma melhor gestão dos recursos naturais”, afirmou Schulz.
Equipamentos
Outra atividade em Quito foi a formalização da seção de uso e doação de equipamentos ao Ministério do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica do Equador (MAATE). Por intermédio do Projeto Bioamazônia foram adquiridos equipamentos no montante total de U$D 123.224,21 para melhorar a infraestrutura tecnológica do ministério e de suas oficinas técnicas, como computadores de mesa e portáteis, monitores, projetores, GPS, baterias recarregáveis, entre outros itens.
Reunião técnica com ministro do Ambiente do Equador e equipe do MAATE.
Equipamentos adquiridos pelo Projeto Bioamazônia para monitoramento da biodiversidade.
Rota das Orquídeas
O MAATE, com apoio do Projeto Bioamazônia, está desenvolvendo uma estratégia para implantação da Rota das Orquídeas para apoiar o desenvolvimento socioeconômico sustentável das famílias produtoras de orquídeas na região amazônica equatoriana.
A equipe do Projeto Bioamazônia teve oportunidade de visitar orquidários que fazem parte desta rota. No orquidário Paraíso Escondido, em Checa, estão registradas cerca de 2400 plantas pertencentes a 120 espécies silvestres de orquídeas. O proprietário Juan Galarza, junto com suas filhas, exerce a atividade de cuidar das orquídeas há mais de 20 anos. O principal objetivo deste orquidário é a conservação ex situ para fins de investigação científica. Também foram visitados três orquidários na província de Napo -Kinde del Barranco, Lluvia de Oro e Cuna de Venus, que possuem autorização para o manejo e conservação de orquídeas e que farão parte da Rota das Orquídeas.
Já em Gualaceo, visitou-se a primeira empresa no Equador que obteve as licenças para a exportação de plantas sob a Convenção CITES. Ecuagenera é um verdadeiro santuário com 4.200 variedades de orquídeas, dedicada à conservação e reprodução dessas espécies desde 1992. A experiência de seu proprietário, o investimento em tecnologia e infraestrutura e a equipe altamente qualificada posicionaram a empresa como a experiência de maior sucesso em manejo e reprodução de orquídeas no Equador e no mundo, tanto em meios de conservação ex situ quanto em condições in situ, também possui capacidade técnica para criar novas espécies híbridas, com maiores possibilidades de comercialização.
Em Tena, a comitiva do Projeto Bioamazônia/OTCA e do MAATE foi recebida pela comunidade de Kallari, que se dedica ao cultivo e manejo de uma espécie orquídea que produz a baunilha. Aqui, o cultivo e uso de valor agregado é realizado pela comunidade em seu conjunto (300 famílias) e organizado pela Associação Kallari, exportando diversos subprodutos para a Alemanha e Suíça.
Laboratório de Ecuagenera em processo de reprodução in situ de espécies de orquídeas.
Fotos ilustrativas de orquídeas produzidas pela Empresa Ecuogenera
Na Província de Napo, cantão do Chaco, visitou-se o Jardim Botânico “La Hormiga”, de Edwin Ango, e o orquidário “Paraíso de las Orquídeas” de propriedade de Marco Chuquimarca.
Da mesma forma, foi visitado o Jardim Botânico “Quinde del Barranco”, de Ruth Hidalgo. Foi feito um passeio pelas trilhas naturais onde podem ser observadas orquídeas silvestres, as mesmas que foram catalogadas e inventariadas por sua custódia Sra. Ruth permitindo acompanhar a espécie. O Jardim Botânico Ruth Hidalgo realiza atividades de conservação de espécies de orquídeas típicas da região, as plantas que são mantidas nesses locais foram coletadas de atividades antrópicas, hoje são mantidas nessas coleções que servem como repositório de material genético de espécies endêmicas do local.
No Jardim Botânico “Las Palmas”, localizado no Cantão Cosanga, neste meio de conservação e manejo ex situ, espécies de orquídeas híbridas são protegidas e possuem a devida comprovação que permite identificar a rastreabilidade das espécies desde a sua origem até ao seu destino, neste caso, o Jardim Botânico.
Por fim, visitou-se a Kallary, empresa comunitária formada por várias famílias Quichua, as mesmas responsáveis e envolvidas no uso e exploração sustentável da baunilha (Vainilla sp.). Esta espécie é cultivada em chácaras da região através de um processo sistemático que envolve desde a estratificação, fertilização e colheita das vagens de baunilha. Posteriormente, as atividades pós-colheita são realizadas na estação de tratamento onde as vagens passam por um processo de desidratação, fermentação, controle de qualidade das vagens. Após um rigoroso controle de qualidade, o produto é embalado para sua respectiva distribuição nacional e internacional.
Espécie Vainilla sp, cultivada e processada por várias famílias Quichua.
Mauro Ruffino, coordenador do Projeto Bioamazônia, avalia positivamente a agenda de trabalho no Equador. “Nesses dias, foi possível observar três escalas de empreendimentos de bioeconomia associados à conservação de orquídeas. Desde iniciativas de manejo e conservação por orquidários individuais de pequena escala que farão parte da Rota das Orquídeas associados ao turismo, assim como um sistema de associativismo de manejo e produção comunitária de espécies que dão origem à baunilha que após processada é exportada, até a Empresa Ecuagenera com 30 anos de experiência na produção de orquídeas em escala industrial para exportação e que também associam empreendimentos de ecoturismo”, concluiu.
Publicado no Boletim Bioamazônia, edição n. 14, março-abril de 2022.