Durante o Seminário “Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica”, realizado hoje, no âmbito da Reunião Anual de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), foi lançado o Fundo de Desenvolvimento Sustentável para a Região Amazônica do BID, que contará com o papel estratégico da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Neste evento virtual, o Banco apresentou uma nova iniciativa para criar modelos de desenvolvimento baseados no capital humano, nas riquezas naturais e no patrimônio cultural dos países amazônico.
Este evento se desenvolveu em dois painéis com lideranças do setor privado e autoridades do setor público, para dar a conhecer a visão conjunta que existe para atrair investimentos mais sustentáveis para a Região Amazônica, bem como um maior nível de coordenação em todos os níveis.
Na abertura do seminário, o presidente do BID, Mauricio J. Claver-Carone, afirmou que esta iniciativa define um quadro financeiro operacional para os próximos cinco anos, em estreita coordenação com os países amazônicos e a OTCA. “Hoje tenho o prazer de antecipar que o BID está disposto a comprometer US $ 20 milhões do capital ordinário do Banco, como capital semente para esta iniciativa”, completou.
“Estaremos nos concentrando em quatro áreas prioritárias, primeiro a bioeconomia, segundo a gestão sustentável da agricultura e terceiro a pecuária e florestas, capital humano, cidades e infraestrutura sustentável”, declarou Claver-Carone.
Por sua vez, o Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que é uma satisfação participar do lançamento do Fundo. “Nosso Governo se orgulha de que uma das prioridades seja a promoção da bioeconomia. Essa foi a principal solicitação que o Brasil fez ao BID, quando propôs a criação dessa iniciativa em 2019”, completou.
“Também estou muito otimista com a interação entre o Fundo do BID e a OTCA, que pode levar a projetos e iniciativas de longo alcance. A OTCA acumula conhecimento sobre a região há décadas, além de ser formada por países amazônicos e comprometida com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente”, enfatizou Bolsonaro.
O presidente brasileiro encerrou seu discurso dizendo que o lançamento do Fundo do BID é uma oportunidade para os países amazônicos se unirem em torno de uma causa nobre e comum, em benefício do meio ambiente e das populações que vivem em toda a região amazônica.
Já, o Presidente da República da Colômbia, Iván Duque, disse que o BID está dando um salto com a criação do Fundo para acompanhar esta agenda de proteção da Amazônia.
“Este semanário vai marcar um marco nas assembleias do BID e é a primeira vez que se discute a Amazônia em uma assembleia de nossa instituição e com o lançamento deste Fundo está dizendo aos países que os recursos aqui são para produzir resultados”, declarou Duque.
Duque encerrou seu discurso dizendo que este projeto que se inicia com o BID se tornará uma referência para a banca multilateral que, ao proteger a Amazônia, está protegendo um dos mais importantes tesouros naturais para o presente e o futuro da humanidade.
Os presidentes também destacaram os vínculos entre o desenvolvimento econômico, os benefícios sociais e a valorização do capital natural da Amazônia.
Em sua apresentação, a Secretária-Geral da OTCA, Alexandra Moreira, agradeceu ao BID pela confiança depositada. “Entendemos que esta cooperação está se ampliando com a geração deste importante Fundo e que vamos ter a oportunidade como Organização oficial de participar de forma estratégica e operacional, com maiores recursos para expandir nossas ações”, acrescentou.
Moreira disse, ainda, que a OTCA se constitui como a única organização intergovernamental, com quadro institucional comprovado e oficial, amplamente reconhecido por sua experiência e trabalho de cooperação de mais de 20 anos.
“Pelos anos de experiência que temos em nossa Organização colocamos à disposição para os trabalhos de construção e governança deste Fundo, para alcançar uma abordagem multissetorial regional, de acordo com a realidade e complexidade e desafios da Amazônia, impulsando recursos públicos e privados, que podem ser facilitados e de investimento imediato”, complementou Moreira.
A Secretário-Geral da OTCA explicou que outro dos grandes fomentadores da Amazônia é o uso sustentável da biodiversidade, e um dos caminhos pode ser a bioeconomia. “Mas esse modelo não pode ter uma visão reducionista apenas de gerar rentabilidade financeira. Precisamos de uma bioeconomia para a geração de valor social, cultural, tecnológico, inovador e produtivo, que carregue processos complexos, tecnologias modernas, acesso a mercados, cadeias de valor de alto valor industrial nos setores alimentício, farmacêutico, de recursos genéticos, entre outros”, argumento.
Este seminário contou ainda com a participação dos Ministros da Economia do Brasil, Paulo Guedes; da Fazenda e Crédito Público da Colômbia, Alberto Carrasquilla Barrera e do Meio Ambiente do Peru, Gabriel Quijandria, que apresentaram suas perspectivas sobre dois temas centrais.
O primeiro sobre o papel dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento na coordenação de planos de investimentos para os territórios amazônicos, especialmente nas quatro áreas temáticas da iniciativa Amazônia, bioeconomia, gestão sustentável da agricultura, pecuária e florestas, capital humano e infraestrutura e cidades sustentáveis. Como um segundo tema, a coordenação entre ministérios e entre os níveis de governo na preparação e implementação de programas de desenvolvimento sustentável e inclusivo nos territórios amazônicos.
Também participaram do evento virtual o presidente do Instituto Paulson, Hank Paulson; o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil, Gustavo Montezano; o diretor executivo do Fundo Verde, Yannick Glemarec, o CEO do Fundo do Meio Ambiente Mundial, Carlos M. Rodríguez; a diretora do Programa de Iniciativa Andes-Amazônia, Fundação Gordon e Betty Moore, Avecita Chicchón, entre outros.